Respira-se e transpira-se,
não sei se nesse sopro
caberá o mundo. Peregrinos
caminham rumo à ventura.
Se não couber não faz mal
que não o quero só pra mim,
não o quero todo, só a parte
que me couber por sorte.
Mas acutelem-se que na raia
há homens sem passaporte
e cresce a raiva contra
a indiferença e o desnorte.
Ainda que vigieis a fronteira
nesta raia soltou-se a liberdade
e a turba faminta e desamada
não deixará de lutar.
Acautelem-se, acautelem-se
não deixeis o mundo à sorte
que os homens sem passaporte
não deixarão de lutar.
JM 87
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Funaco
Pelo Santiago pinta o bago
e a meda cresce na eira.
A malha vem
e os medeiros erguem-se
como pináculos de catedrais
e nós brincamos no funaco.
Aos mais pequenos, inocentes ainda,
dizemos que não entrem,
que vem o ronco, e fogem.
Nós ficamos atónitos na palha
odorífica e quente, como um bafo
genesíaco e longínquo
que alimenta a eternidade.
Marrão 82
e a meda cresce na eira.
A malha vem
e os medeiros erguem-se
como pináculos de catedrais
e nós brincamos no funaco.
Aos mais pequenos, inocentes ainda,
dizemos que não entrem,
que vem o ronco, e fogem.
Nós ficamos atónitos na palha
odorífica e quente, como um bafo
genesíaco e longínquo
que alimenta a eternidade.
Marrão 82
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