Pelo São Lourenço
vai à vinha e enche o lenço.
Olha, já pendem cachos lustrosos
nestes dias que se gastam
festivos e vagarosos.
Convido-te a contemplar o pastel
e o nosso olhar encadeado
pelos bagos enxutos de moscatel
busca somente o recanto
secreto do amor.
Lá está ele,apontas tu:
sombra de videiras prenhes,
refúgio de perdigotos esquivos
entre as cepas e nós ali
a desejar que o dia
se suspenda nesse vórtice primordial
perfumado pelo odor da malvasia.
Caía sempre um bago no teu colo
e breve, lembras-te, seria mosto
e cada movimento da memória
e cada movimento do desejo
alenta a saudade desse agosto.
Marrão 82
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
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