Elegia para duas
estrelas
Cedo,
como quem corta feno antes do tempo, vos apartaram
De
nós que, esperando que tarde a nossa hora, choramos.
Mas
continuareis aqui
Em
cada estrela vizinha
Em
cada raio de sol eterno, em cada nuvem passageira
Em
cada orvalho transparente, em cada brisa livre
Em
cada manhã que raia, em cada tarde lenta
Em cada dia preenchido, em cada noite vaga
Em
cada nota certa, em cada silêncio leve
Em
cada beijo doce, em cada abraço apertado
Em
cada sorriso aberto, em cada gesto pacífico
Em
cada passo firme, em cada palavra revoltada
Em
cada verdade cristalina, em cada erro desfeito
Em
cada multidão distraída, em cada solidão preenchida
Em
cada viagem incógnita, em cada encontro inesperado
Em
cada certeza maldita, em cada dúvida abundante
Em
cada nada imenso.
E
ainda que nos peçam um minuto de silêncio,
Por
vós,
Nunca
nos calaremos, porque o pecado
É
o esquecimento.
JM
31 janeiro 2013