sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013


Elegia para duas estrelas

Cedo, como quem corta feno antes do tempo, vos apartaram
De nós que, esperando que tarde a nossa hora, choramos.
Mas continuareis aqui

Em cada estrela vizinha
Em cada raio de sol eterno, em cada nuvem passageira
Em cada orvalho transparente, em cada brisa livre
Em cada manhã que raia, em cada tarde lenta
Em cada dia preenchido, em cada noite vaga
Em cada nota certa, em cada silêncio leve
Em cada beijo doce, em cada abraço apertado
Em cada sorriso aberto, em cada gesto pacífico
Em cada passo firme, em cada palavra revoltada
Em cada verdade cristalina, em cada erro desfeito
Em cada multidão distraída, em cada solidão preenchida
Em cada viagem incógnita, em cada encontro inesperado
Em cada certeza maldita, em cada dúvida abundante
Em cada nada imenso.

E ainda que nos peçam um minuto de silêncio,
Por vós,
Nunca nos calaremos, porque o pecado
É o esquecimento.

JM 
31 janeiro 2013

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