segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Inocência

Dedico aos jovens palestinianos e judeus.
Foi escrita, esboçada, após ter lido
uma entrevista de um médico palestiniano exilado.


Os melros acasalam e os tordos queremos imitar.
Há ninhos e ovos frescos nos silveiros
E espreitamos as fêmeas a chocar.
Passamos pela sebe entrelaçada, ainda o sol aquece.
De mão dada com a tarde caminhamos:
O sol cederá lugar no trono, breve, à irmã lua.
Olhamos intensamente e sorvemos, livres, o derradeiro sol
E o prateado luar nascente.

Foi para isso que os deuses nos fizeram.

Nesse tempo,
Da guerra não conhecíamos, ainda, o horror,
Nem dos massacres em parte incerta.
Sabíamos apenas dos melros, dos tordos, dos ninhos
E ovos.
Essa paz queríamos imitar.

JM 1982

1 comentário:

  1. Que grato prazer este de ver alguém entrelaçar palavras na mais pura poesia.Parabens.Vou seguir para me permitir deliciar.
    eulalia gonçalves

    ResponderEliminar