Na aula, Liliana,
Desenhei nas carteiras do liceu
Olhares egípcios como o teu
Longe das matérias e do olhar azedo
Dos profes.
Na cidade, Liliana,
Desenhei na Praça da Sé e nos passeios
Os teus lábios velozes e a saliência dos seios,
Longe da turba e do olhar autoritário
Dos polícias.
Na romaria, Liliana,
Desenhei no pó seco do caminho
Perfis incertos e fugidios do teu corpinho,
Longe da procissão e do olhar condenável
Das beatas.
Em sonhos, Liliana,
Desenhei-te inteira e as tuas tranças
Eram baloiços que alimentavam s’peranças
Indiferentes às beatas, aos polícias e aos profes.
Hoje, Liliana,
Recordo…
Jorge Marrão
Poema iniciado numa aula em 1980, Liceu de Bragança.
Retocado anos depois, 1986?
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
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