Vem cá da margem contemplar o rio
E amor façamos só um instante
Envolvidos por raios de sol queimante
Tornemos o decurso menos sombrio.
Mergulhemos a clara mente nessa luz
E nossos pés em clara e pura linfa
Que é do leito só uma vez
Tal como a breve vida.
Tiremos nosso olhar do horizonte
Enquanto gozamos deste momento
Máximo prazer antes de a Caronte
Pagar negra viagem de tormento.
Se alguma lembrança tivermos
Que possa trazer passado
Deitemo-la calmamente ao leito,
Não importa que corra ou não corra.
Do mesmo modo, se algum indício houvermos
Do tempo que há-de correr não o fixemos,
Não importa que corra ou não corra,
Que o além nem dos deuses certeza é.
Por isso, querida, façamos amor
Na constância dos arbustos de agora
Que enfeitam largo e claro leito
Enquanto nós e a água corremos.
Marrão 82
Sem comentários:
Enviar um comentário