quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Naquele tempo

Naquele tempo floriam os nabais.
O vento levantava-te as saias
E espargiam-se no amarelo garrido.
Depois espreitava-te entre os caules.
Depois não dávamos pela queda da tarde
Abrilenta, quente e borrifada pelo aguaceiro repentino …
E sorvíamos o odor da terra.
Depois vinham ecoando as badaladas das trindades
E os gados recolhiam fartos.
Depois sacudíamos as pétalas dos corpos.
Ao longe a penumbra dos montes caía
E entrávamos na noite.
Dormíamos e sonhávamos lentamente….
A memória é a vida.
E é tão bela
Como o entardecer de Abril
Na minha aldeia.

Jorge Marrão
1982

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